Autismo e telemedicina: como a tecnologia pode auxiliar no diagnóstico?
Estudos realizados pela Universidade da Califórnia em Davis, nos Estados Unidos, sugerem que crianças com autismo cujos pais foram treinados para estimular o desenvolvimento dos filhos apresentaram um melhor avanço cognitivo. Neste quesito, o acesso facilitado ao sistema de saúde, ofertado pela telemedicina, pode ser um aliado – desde o diagnóstico até o tratamento.
“Na telemedicina, assim como no consultório físico, é fundamental estar atento a diversos comportamentos do paciente para identificar a presença do autismo”, explica o psicólogo da Docway, empresa com foco em soluções de saúde digital, Edson Félix de Jesus. “Geralmente, a família chega na consulta online com outras queixas, como o TDAH e, ao longo do atendimento, vamos identificando esses comportamentos em conjunto”, diz.
Em caso de suspeita da condição, o tratamento engloba todo o contexto familiar e relações interpessoais do paciente. “É essencial que a família esteja preparada para dar suporte à criança fora da consulta e que saiba identificar comportamentos disfuncionais. Caso o ambiente não responda de acordo com as sugestões do psicólogo, não há progresso no tratamento”, aponta.
Principal responsável
Segundo ele, um ambiente desregulado, com demasiados conflitos e desrespeito aos limites da criança, é o principal responsável por reforçar comportamentos disfuncionais em pacientes com autismo, como a birra e a agressividade. “Precisamos instruir os responsáveis de que o autismo é uma condição diferenciada do neurodesenvolvimento, a qual o paciente precisa receber um olhar humanizado”, enfatiza.
Em relação à telemedicina, o psicólogo ressalta que é possível tratar pacientes com autismo de grau leve e moderado de forma semelhante à presencial. “Tudo depende de como o paciente responde. Em casos mais severos, quando o paciente não consegue criar vínculo, é importante encaminhar para o atendimento presencial e multidisciplinar, com auxílio de pediatra, neurologista, terapeuta ocupacional e educador físico”, comenta.
A idade em que a criança recebe o diagnóstico também é um fator relevante para o sucesso do tratamento. “Quanto antes conseguirmos fechar um diagnóstico e quanto mais novo o paciente for, mais fácil é administrar os comportamentos disfuncionais e ensinar novas habilidades”, complementa o psicólogo.
Fonte: Estado de Minas (https://www.em.com.br/saude/2023/11/6658920-autismo-e-telemedicina-como-a-tecnologia-pode-auxiliar-no-diagnostico.html)