“Toda vez que eu acho que é minha vez de falar, outra pessoa muda de assunto.“
“Eu nunca sei quando é minha vez de falar, então acabo ficando calado.”
“O pessoal ri de mim, mas eu nunca entendo o porquê”.
Frases que meu filho já usou na adolescência. Poderia tê-lo destruído, mas além do coaching nas habilidades sociais me empenhei para levantar sua autoestima porque 1) o autismo não ia embora; 2) o mundo não era preparado para a diferença; 3) eu não achava justo que ele vivesse com Masking.
Não é fácil ser um adolescente autista. Se é bom aluno, todos esperam que saiba se comportar como os outros e entender tudo, sem explicação ou adaptação. Às vezes, até na própria família existem cobranças de um comportamento que o jovem autista não consegue ter se não houver um acompanhamento terapêutico que funcione como elo nessa compreensão das regras sociais (não escritas) dos neurotípicos, como a expressão facial/corporal, o modo de falar, andar, a linguagem, o contato visual, a distância física entre pessoas (ao falar, não chegar perto demais do outro, invadindo seu espaço físico), etc. Muitas vezes é nessa época que o jovem autista se dá conta de que é diferente.
Não superestime
Não superestime o autista nível 1 (menos necessidade de suporte). Apesar do nível médio/alto de inteligência, esse jovem pode estar travando batalhas internas, que não são ditas. A *psicoeducação é fundamental.
O adolescente autista precisa encontrar sua identidade e ficar de bem com ela, mesmo que não seja parecida com a da maioria dos seus pares. Viver fazendo Masking custa muita qualidade de vida.
*psicoeducação no TEA – abordagem terapêutica que traz conhecimento para a pessoa autista, familiares e cuidadores, sobre o transtorno e como se manifesta no paciente.