20/06 | 2 anos de Coletivamente

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A resposta dos especialistas

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O secretário de Saúde dos Estados Unidos, Robert F. Kennedy Jr., disse que as autoridades norte-americanas conduzem um estudo para determinar as causas da “epidemia” de autismo. Segundo ele, os resultados serão divulgados nos próximos meses. Para a organização Autism Society of America, a afirmação de Kennedy Jr. é “prejudicial, enganosa e irrealista”.

“O autismo é uma deficiência complexa do desenvolvimento moldada por fatores genéticos, biológicos e ambientais. Não é uma doença crônica nem um contágio, o que qualifica uma linguagem prejudicial como ‘epidemia’, e fazê-lo é impreciso e estigmatizante”, afirma a Autism Society of America.

Especialistas ouvidos pelo Correio Braziliense reforçam que estudar sobre o autismo é importante, mas esses estudos devem ser conduzidos com base em evidências científicas. A professora Carolina Cangemi Gregorutti, do curso de terapia ocupacional da Universidade de Brasília (UnB), vê com preocupação o uso da palavra “epidemia”. “O autismo não é uma doença contagiosa. Quando uma autoridade passa a utilizar esse tipo de linguagem pode alimentar interpretações erradas e reforçar estigmas”, cita.

O psicólogo Lucas Pontes, que é diagnosticado com autismo, teme que os estudos sejam enviesados ou usados para buscar respostas nos fatores ambientais de forma desmedida, ignorando questões sociais e olhando o autismo como algo a ser combatido, em vez de investirem esforços para melhorar a inclusão dessas pessoas na sociedade.

“Robert F. Kennedy Jr é popularmente conhecido por seus posicionamentos anticiência, tendo em seu vasto histórico de polêmicas as conspirações contra vacinas e outros temas em relação à saúde pública. Além das questões individuais, o secretário de saúde faz parte de um governo que cada vez mais deixa explícito a sua guerra contra a diversidade e a inclusão”, cita o psicólogo, que recebeu o diagnóstico de autismo aos 20 anos.

A professora Carolina Cangemi explica que os critérios diagnósticos para o autismo foram ampliados. “Hoje nós reconhecemos o espectro autista de forma muito mais inclusiva. E também houve um aumento na conscientização das famílias e dos profissionais, o que leva a ter mais encaminhamentos e diagnósticos. Além disso, temos populações historicamente subdiagnosticadas, como as meninas, adultos e as pessoas racializadas, que agora estão sendo identificadas com mais precisão”, cita a especialista.

Ainda nesse sentido, o psicólogo Lucas Pontes frisa que, atualmente, o autismo é visto como uma combinação complexa de fatores genéticos em que mais de 80% dos casos são de causas genéticas herdáveis, sendo o restante de causas genéticas não herdáveis ou fatores ambientais.

“Antes, as pessoas que hoje são diagnosticadas passavam a vida toda sem saber a respeito do autismo ou recebiam diagnósticos equivocados e incompletos. Hoje, mesmo que ainda longe do ideal, temos um conhecimento muito maior sobre o espectro do autismo e os profissionais estão melhor capacitados para a realização do diagnóstico. Avançamos em relação a compressão das diferentes formas que o autismo pode ser expressado em cada indivíduo autista, considerando pontos essências que antes que eram ignorados”, ressalta Lucas.

FONTE: https://www.correiobraziliense.com.br/ciencia-e-saude/2025/04/7113423-plano-dos-eua-para-investigar-epidemia-de-autismo.html

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No vídeo abaixo, bem humorado, toco em pontos que comumente as pessoas confundem quando tratamos de autismo. Espero que gostem.

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